O tema bebê reborn tem ganhado cada vez mais repercussão nas rodas de conversa. Recentemente, a Maternidade Bebê Reborn Curitiba viralizou nas redes sociais. O assunto se tornou polêmico após diversas pessoas afirmarem cuidar da boneca como se fosse uma criança de verdade.

Em entrevista ao Portal Banda B, a artesã e proprietária da Maternidade Bebê Reborn Curitiba, Aline Lima, afirma nunca ter conhecido uma pessoa que tratasse a boneca como bebê real. Com uma loja física, Aline conta que 80% das compras são feitas de forma presencial e, por isso, conhece os clientes. “Os clientes são, em sua maioria, crianças entre 3 a 12 anos“, afirma.
Além das crianças, a empresária já viu adulto comprando a boneca sim, mas como uma forma de terapia para pessoas idosas que têm Alzheimer. Nesses casos, geralmente os filhos vão até a loja e realizam a compra. Aline está no ramo há 6 anos, sendo 5 com loja física.
“Não tem mulher comprando bebê reborn pra criar como filho, isso é fake news. Em todo o meu tempo trabalhando com bebê reborn nunca vivi uma situação como essa”, conta.
Ela ainda conta que a loja traz mais confiança para os clientes e evita possíveis golpes. “Muitas pessoas já caíram nos golpes de bebê reborn. Elas compram ou fazem a encomenda e descobrem que é uma boneca industrializada da China”, revelou.
Como é a produção de um bebê reborn
Aline também falou sobre o significado do termo e como funciona a produção das bonecas. “A gente fala ‘renascer um bebê reborn’, porque o tema ‘reborn doll’ é uma boneca renascida, então precisa ar por esse processo de pintura para trazer realismo”, explica.
Além da pintura realista, a boneca também precisa ter a textura de pele e enraizamento do cabelo. “O enraizamento do cabelinho é feito fio a fio para ficar muito parecido com o bebê real, então tem todo esse processo para o renascimento do bebê”, conta.
A empresária trabalha com dois tipos de bonecas, sendo de silicone e de vinil. O bebê reborn de silicone é uma peça maciça inteira, sem emendas. Esse modelo permite até mesmo que a boneca tome banho, e segundo a artesã, essa é a parte que as crianças mais gostam. Já o outro molde, o bebê tem cabeça de vinil e corpo de tecido.

Segundo a proprietária da maternidade, as bonecas estão disponíveis a pronta entrega na loja, basta chegar e escolher.
“Eles gostam de comprar as bonecas que já estão na loja. As características sou eu mesma quem escolhe. Vou variando. Bebê dormindo, acordado, moreno, loiro, olho claro, olho escuro, bebê negro. Sempre deixo uma variedade ali para a pessoa poder escolher”
conta.
Além das bonecas prontas, Aline também atende demandas de bebê personalizado. O cliente escolhe o modelo, cor de olho e cor de cabelo.
“Faço e entrego dentro de um prazo de 60 dias”
explica.
Outro método utilizado pela artesã é “aproximação por foto”. Nesse caso, Aline recebe a foto e procura entre os modelos existentes para deixar a boneca o mais parecido possível com a foto.
Valores
O preço de um bebê reborn pode variar entre R$ 2.550 e R$ 7.900, dependendo do material utilizado na produção. Se for um bebê de vinil com corpo de tecido, o preço é mais ível. Já para a boneca de silicone, que parece mais realista, o valor pode chegar em R$ 7.900.
Na maternidade, Aline revela que vende, em média 15 bebês por mês. Mesmo após viralizar nas redes sociais, não houve um aumento na busca pelo produto, nem impacto negativo, já que a repercussão do caso foi vista como polêmica pelos internautas.

Bebê reborn é arte
A artesã faz questão de enfatizar que a produção de bebê reborn é um trabalho artístico. “Não existe bebê reborn de fábrica, então é uma profissão. Muitas pessoas, inclusive eu, tiram o sustento dessa arte”, afirma.
Segundo ela, para a existência de uma boneca do modelo, é necessário que e pela mão de uma cegonha, no caso, os profissionais que trabalham com essa arte.
Sobre os comentários envolvendo a boneca, Aline fica chateada em ver esse tipo de trabalho sendo “duramente criticado por conta de fake news“. Ela ainda explica que nem todo vídeo é verdadeiro e as pessoas consomem o conteúdo sem procurar saber quais histórias são reais.
“Estão, simplesmente, atacando uma arte tão linda, feita para encantar crianças. Até adultos se encantam também”
desabafa.
Bebê reborn e a realização de um sonho
Apesar da polêmica, a empresária conta que tem histórias emocionantes no ramo. No final do ano ado, em 2024, uma mulher e a sogra foram comprar duas bonecas para as netas, uma para cada.
Na ocasião, a nora teria falado que, além das duas bebês, elas levariam uma terceira boneca para a avó. “Ela começou a chorar muito e falou ‘não, não vai gastar dinheiro comigo, é muito caro’. Ela ficou super emocionada”, conta.
Ter uma boneca era o sonho dessa senhora e a nora se comprometeu a realizá-lo. “Ela trabalhou na roça e não tinha condições de ter uma boneca. Na época, casou muito nova, então nunca teve uma boneca, nunca brincou de boneca”, conta Aline.
Após a escolha da bebê reborn, a equipe da loja e a família ficaram emocionadas. “Foi a realização de um sonho, e de um sonho longo, que há muito tempo ela esperava”, relata a artesã.