Se tem um gênero que é muito brasileiro, facilmente poderíamos dizer que é o forró. E foi pensando nesse resgate da história musical, que o cantor, compositor e sanfoneiro cearense Guilherme Dantas lançou, neste mês, o EP “Como Seria”. O projeto reforça a missão do artista, que busca valorizar o forró e conectar as novas gerações ao gênero.

O EP de Guilherme Dantas é composto por dois medleys, que eiam por sucessos do axé e o forró, ritmos emblemáticos do Nordeste. A ideia do artista foi o resgate.
“Eu quero que todo mundo possa escutar, aproveitar cada segundo dessas músicas, possa sentir a felicidade que eu coloquei em cada canção, em cada acorde, porque eu selecionei músicas que eu gosto, músicas que me fazem bem. Por isso, procurei ar uma energia boa cantando e tocando essas canções. São músicas que são feitas para dançar, para um churrasco, para você curtir com quem você gosta. Músicas que, em resumo, vão trazer muita felicidade para quem ouvir”
diz Guilherme Dantas.
Mais do que um lançamento de EP, “Como Seria” busca também iniciar um movimento de atrair o público jovem para a riqueza da música nordestina.
“O forró é global, na verdade, sempre foi. Desde Luiz Gonzaga, num tempo onde não havia internet, o forró se tornava não só nacional como mundial. Então, eu acho que o desafio é só de apresentar mesmo. Se a gente apresentar direitinho, eu tenho certeza que o público em geral vai poder curtir e ter o a uma música que fala de coisas boas, a uma batida que inspira, que traz felicidade, que dá vontade de dançar, de viver. O forró, ele tem isso. Então eu não vejo como um desafio, nem vejo o forró como uma música regionalizada. Ele pode talvez estar regionalizado hoje por alguns, mas é uma música querida não só no Brasil como no mundo”
comenta o artista.
No primeiro medley – já acompanhado de clipe -, Guilherme Dantas mergulha no axé trazendo versões de clássicos como “Vem Meu Amor” (Olodum), “Bola de Sabão” (Claudia Leitte), “Beija-flor” (Timbalada) e “Colorir Papel” (Jammil e Uma Noites).
Já no segundo medley, o artista dá seu toque especial ao forró raiz, reinterpretando “Mágica” (Calcinha Preta) e “Amanhã Talvez” (Joanna). O clipe fica disponível no próximo dia 21 de fevereiro.
Guilherme comentou à Banda B que, como as músicas todas são releituras, fica ainda mais fácil a conexão das pessoas com o material. Com sua sanfona característica e estilo tradicional da música nordestina, Guilherme Dantas propõe um resgate afetivo das canções que marcam gerações.
“São músicas que fizeram parte da infância de muita gente, da adolescência, ou que mesmo que sejam pessoas mais jovens, que não tenham ado por um momento dessas músicas, elas escutaram essas canções em algum lugar. São músicas eternas. É uma junção muito boa, porque são músicas atemporais, num estilo de música atemporal, numa batida com muita energia que também é atemporal, que é o xote, que é a sanfona, que nunca saiu de moda”
avalia Guilherme Dantas.
Quem é Guilherme Dantas
Cantor, compositor e sanfoneiro, o cearense Guilherme Dantas começou a fazer música aos 4 anos. Segundo ele, a arte sempre esteve viva e presente em sua vida, por isso quase que nem consegue dizer como tudo começou.
“Foi de uma maneira muito natural. Eu comecei a tocar com 4 anos de idade. Já tocava flauta, depois teclado, bateria, violão, e tudo de forma autodidata. Eu precisei pouquíssimo de professor para me ensinar. A maioria das vezes que peguei no instrumento foi de uma maneira simples e natural. Então, a música entrou na minha vida dessa forma, sem eu perceber. Quando eu fui crescendo, eu já era músico”
conta o cantor.
Com deficiência visual desde que nasceu, Guilherme Dantas diz que enxerga com os olhos do coração. A música entrou em sua vida e se tornou fator de transformação. Mas ele acredita que a composição sempre esteve mais ligada à criatividade.
“Como todo compositor, eu acredito que eu não sou diferente. A gente usa a mente, usa as experiências de vida, histórias que a gente escuta ou que a gente viveu para poder compor. O que eu acho que a deficiência me possibilitou foi a oportunidade de entender que por mais que haja uma dificuldade, por mais que haja um obstáculo, eu nunca me coloquei prostrado diante disso. Sempre procurei vencer, sempre procurei ar por cada obstáculo de maneira que eu pudesse me superar e mostrar para as pessoas isso. Mas o fato de ser compositor não tem a ver com a deficiência, não. É algo mais de sentimento mesmo”
diz Guilherme Dantas.

O amor pela sanfona
Em 2007, Guilherme Dantas recebeu uma bolsa para estudar no Souza Lima, o maior conservatório de música da América Latina, localizado em São Paulo. Após os estudos, escolheu voltar para o Ceará para se dedicar a sua verdadeira paixão: o forró.
Desde então, suas composições ganharam reconhecimento, marcando presença nos repertórios de artistas consagrados como Wesley Safadão, Gusttavo Lima, Mano Walter e Xand Avião. E sua maior paixão é ela: a sanfona.
“A sanfona é minha vida, logo porque eu era um antes dela e outro depois da sanfona. Ela que me inspirou a compor e a composição mudou minha vida porque eu comecei a conhecer artistas, comecei a gravar minhas músicas com outros cantores e comecei a cantar. Então a sanfona me deu oportunidades de compor, de cantar, de fazer show. Com a sanfona eu sou completo. A sanfona é a roupa que eu visto. Ser sanfoneiro me deixa muito orgulhoso”
conclui.
