Ouça a matéria que foi ao ar na Rádio Banda B:

Em seus mais de 30 anos de história, a banda Angra tem uma relação forte com Curitiba e esse laço vai se estreitar no próximo dia 12 de agosto. A banda, uma das maiores referências do metal, escolheu a Ópera de Arame para ser palco da gravação do novo DVD. Para marcar ainda mais o momento, o grupo de heavy metal planeja um show acústico especial. Os poucos ingressos disponíveis estão à venda. Mais informações abaixo.

Foto: Marcos Hermes/Divulgação.

Em entrevista à Banda B, o baixista Felipe Andreoli contou que a escolha de Curitiba para o novo registro audiovisual tem tudo a ver com o motivo de o local ser a Ópera de Arame. 

“É um lugar incrível, que tem tudo a ver com a proposta do acústico, de ser uma coisa bonita, rica visualmente, elegante. Não é necessariamente uma coisa metal, entendeu? Então a Ópera é essa coisa com uma arquitetura sofisticada, eu acho que é isso que a gente está buscando. Um visual legal, um ambiente legal que seja imersivo para quem vai assistir e que o próprio teatro já é um cenário fantástico para o DVD. A gente não vai ter que inventar mil coisas e a gente sabe que vai ficar lindo”.

Felipe contou que, além da questão dos fãs, a banda também tem uma conexão forte com Curitiba porque o escritório que istra o grupo fica na capital paranaense. Além disso, o diretor do DVD, Rafa Moraes, também é de Curitiba. 

“Estamos em casa aí em Curitiba e vai ser incrível ter essa experiência de gravar também o DVD fora de São Paulo. A gente sempre gravou em São Paulo, né. Vai ser legal estar em outra cidade, dando oportunidade para o pessoal de Curitiba curtir aí”. 

Formada em 1991, a banda sempre manteve um público muito fiel ao rock. Em Curitiba não é diferente e isso também foi um dos fatores que fizeram o Angra olhar com mais atenção para a cidade.

“De fato a gente tem um público muito bom em Curitiba. Curitiba é uma cidade roqueira, né? Tanto é que ela está na rota da de grande parte das turnês internacionais que iam pro Brasil também. Entrei no Angra em 2001, mas antes disso, em 2000, eu lembro de fazer um show num lugar que, se não me engano, chamava 1250 e já me surpreendi naquela época com a galera de Curitiba o quão fanáticos eles são por esse estilo, o quão apaixonados. Eu cheguei a ver também, além de diversos memoráveis que eu fiz com o Angra em Curitiba, o Iron Maiden na Pedreira, que foi uma experiência muito legal. A gente já tocou no palco da Pedreira também, fizemos um show lá. Então, Curitiba faz muito parte da nossa história, é uma cidade que é rota obrigatória de toda a turnê estar em Curitiba e fora isso a cidade é uma delícia, a gente gosta de estar aí, gosta de curtir a cidade, então está tudo lindo”.

Foto: Marcos Hermes/Divulgação.

DVD acústico

Para o novo projeto audiovisual, o Angra resolveu desplugar, mas de um jeito icônico: os clássicos da banda vão ser entoados com apoio de uma orquestra e de músicos convidados, para celebrar a história do grupo.

O formato acústico, embora soe diferente para o rock, não é novidade para o Angra. Felipe Andreoli comentou que a banda sempre buscou explorar os sons da banda de um jeito diferente.

“Esse formato a gente sempre explorou muito, especialmente quando a gente foi na mídia grande, TVs especialmente, né? E rádios também. Porque é mais fácil de realizar, você pega alguns violões e uma percussão e resolveu. O Angra é uma banda que o nosso formato elétrico é uma coisa grande e trabalhosa de ser feita, não é adaptável para qualquer lugar, e o acústico sim”. 

Para o projeto, a banda pensou em desplugar exatamente para mostrar um pouco da essência que fica quando sai a guitarra e o “pesadão” do rock.

“O acústico na verdade mostra como a grande parte das músicas nasceu, porque nós não somos tanto uma banda de compor riffs o tempo inteiro. Muitas vezes as músicas nascem de uma melodia de voz com harmonia no violão. Então, quando a gente retorna a música para esse formato, naturalmente funciona, porque foi assim que ela nasceu”. 

Para o baixista, que também é um dos principais compositores da banda, o registro acústico vai permitir que os fãs conheçam também o que há de melhor no que a banda faz.

“O formato valoriza a riqueza harmônica e melódica do Angra, porque quando você tira as guitarras pesadas, bateria cheia de nota, baixo cheio de nota da equação, ainda resta harmonia e melodia muito ricas que, em qualquer formato, vão funcionar. Especialmente no acústico funciona muito bem. Então é uma chance até de pessoas que não conhecem o Angra ou que têm resistência com a coisa do metal, das guitarras pesadas e o vocal um pouco mais agressivo, de descobrir a mesma obra. A mesma composição por um outro formato. Isso é muito legal”.

Melhor fase

Em mais de três décadas de estrada, o Angra ou por diversos ciclos. Para o músico, o momento atual é um dos principais.

“Acho que é um terceiro grande ciclo da banda, né? A gente já está aí há pelo menos oito anos com essa formação bem consolidada e numa ótima fase em todos os sentidos, tanto nos shows lotados, quanto no processo criativo, muito bem aceito, que funciona e é super eficiente, quanto na relação pessoal nossa. Isso é muito rico, é muito bom quando você tem um grupo de pessoas que se gosta e que trabalha todos em em prol do mesmo objetivo e são pessoas que sabem conviver em grupo com todos os seus desafios, com todas as suas dificuldades”. 

Para o futuro, Felipe só vislumbra ainda melhores momentos para a banda. O grupo, inclusive, está trabalhando no lançamento de um novo disco, que sai antes do DVD. 

“Só vejo coisas boas no futuro. A gente tem muita vontade ainda de gravar, fazer e acontecer. Tanto é que a gente está trabalhando insanamente porque a gente está ao mesmo tempo aqui preparando acústico, preparando o lançamento do álbum novo que será em novembro. A gente está atolado de trabalho, mas faz isso com muita alegria porque está tudo fluindo muito bem e é tudo resultado do nosso trabalho”. 

Soma das parcerias

Explorar a música em todos os seus caminhos nunca foi uma novidade para o Angra. No próximo disco de estúdio da banda, Cycles of Pain, que será lançado em novembro, o grupo convidou Lenine para participar. Em 2018, a banda gravou uma canção com Sandy. 

Felipe Andreoli considera que a falta de preconceito musical é o que faz o Angra ver seu som cada vez mais evoluindo. E isso não necessariamente significa mudar o estilo musical.

“Agrega demais, porque nós somos antes de tudo fãs de música. Então a gente é fã desses artistas. A Sandy é uma grande cantora, uma grande artista. A gente acho que se acostumou tanto a ver ela desde criança na TV que parece que ela é uma coisa que sempre existiu, está lá. É a Sandy, entendeu? E ela é uma grande cantora, uma grande artista, extremamente profissional. E a gente é muito fã dela. Então, quando a gente chama a Sandy pra cantar uma música, a gente entende que ela é uma grande artista que nós iramos e ela vai emprestar o talento dela para engrandecer aquilo que a gente faz e trazer para a nossa música algo que nós não temos”.

No caso da participação de Lenine, a parceria do recifense foi tamanha que o artista se permitiu também misturar os sons. 

“O que o Lenine traz com a genialidade dele, nós não temos. A parte que ele cantou no nosso disco é uma parte em português, a hora que você ouve parece uma música dele, porque essas participações, elas nunca são grátis. Não que é uma coisa assim, ‘ah seria legal ter o Lenine, seria bom para promoção do disco’. Tá, tudo bem, seria bom para promoção do disco, mas e a arte e a música? Então isso está em primeiro lugar, é isso que a gente vai buscar”. 

No ado, a banda gravou também com Milton Nascimento e a ideia da escolha foi pela referência que o artista é, uma influência para o Angra. Segundo o baixista, as participações agregam justamente por isso.

“Como artistas sempre expandindo a nossa consciência musical, é natural que a gente queira trazer para perto de nós também pessoas que fazem parte desse grande catálogo musical, que a gente sempre empresta um pouco aqui e ali quando está compondo, mesmo sem perceber”.

Sem perder essência

Mesmo com todo esse tempo de estrada e com todas as mudanças que o grupo foi ando, o Angra jamais perdeu sua essência. Certamente isso garante lugar fixo no cenário musical, que é competitivo. Apesar disso, isso acontece de forma natural.

“Não é uma coisa que a gente precisa ficar verbalizando toda hora e falar ‘cuidado está faltando’. Todo mundo sabe. A gente tem muita ideia, a gente é muito produtivo, nas nossas sessões de composição e tal, mas vamos direcionando as ideias para as caixinhas dentro dessa grande coisa que é o Angra”. 

Conhecer a história da banda e os sons já feitos, além de manter o caminho mais aberto para o que chega de novo, também faz com que esse mesmo legado permaneça, como explica Andreoli.

“A gente conhece essas caixinhas assim e a gente fala ‘puta essa ideia daria bem pra uma música assim’, e aí você vai misturando esse processo quase lúdico ou na verdade totalmente lúdico com uma coisa mais objetiva da organização e da composição do disco, e aí a gente evidente que sabe coisas que não podem faltar no disco do Angra. Ninguém é bobo. Mas assim essas coisas acontecem já naturalmente, porque quando a gente compõe para o Angra esse é o tipo de ideia que já vai vir na mente naturalmente”. 

O novo disco de estúdio da banda sai em novembro. Mas o novo DVD, que vai ser gravado em Curitiba, ainda não tem data de lançamento.

“A gente deve lançar esse acústico pra meados do ano que vem. Assim, vou chutar segundo semestre. Isso vai depender um pouco da nossa turnê do disco novo. Enfim, a gente não tem nenhuma pressa de lançar. Era mais a oportunidade de gravar agora que surgiu e a gente tinha que agarrar. A gente vai trabalhar nele com calma e a hora que estiver pronto, e a gente achar que o momento é bacana, a gente vai agendar esse lançamento”.

Foto: Marcos Hermes/Divulgação.

Serviço

Acústico do Angra em Curitiba – Gravação de DVD
Quando: 12 de agosto, sábado
Onde: Ópera de Arame, Rua João Gava, 920 – Abranches.
Horários: 19h (portões), 21h (show)
Quanto: ingressos a partir de R$ 115, de acordo com o setor escolhido. Venda pelo site Bilheto.