Curitiba foi dominada pela nostalgia dos anos 2000 neste domingo (3). A capital paranaense recebeu, com ingressos esgotados no Estádio Couto Pereira, o festival I Wanna Be Tour. Com 11 horas de música, o festival trouxe um line up dominado pelo o que de melhor o rock alternativo ofereceu nesse ado não tão distante, principalmente em relação ao gênero emo. Contando, inclusive, com a participação de três dos maiores nomes do cenário musical brasileiro da época, e que dialogam bastante com o período. Veja fotos e vídeos abaixo.

Um tanto quanto controverso na época de maior popularidade, o emo deriva da expressão emotional hardcore, categoria musical surgida no final dos anos 80 e que reúne características de diversas vertentes, como o indie, o hardcore, o punk e o pop.
Por um determinado tempo, o emo ficou condicionado ao underground do rock, mas ganhou os holofotes a partir da ascensão de grupos como o Weezer e o Jimmy Eat World, que construíram as bases para o que se viu a partir da virada dos anos 90 para os 2000.
A partir do novo milênio, muitas bandas popularizaram o gênero, criando não apenas um estilo musical com uma identidade própria, mas que reverberou em muitos outros segmentos, como moda e comportamento.
Retrato de uma época
Entretanto, como o punk, o pós-punk, a new wave e o grunge representaram a juventude dos anos 70, 80 e 90, o emo é a síntese do comportamento jovem dos anos 2000. As letras melódicas, misturadas com canções que abordavam dilemas próprios dos adolescentes do período, como depressão, problemas amorosos e inadequação social, fizeram a cabeça de muitas pessoas naquela década.
No Brasil, essa vertente não ou despercebida. Fresno e NX Zero popularizaram o emo para a juventude brasileira, enquanto Pitty reuniu as melhores características do que a música alternativa oferecia naquele momento, com clara influência do nu metal e do rock industrial.
Lá fora, além de grupos como o My Chemical Romance, Good Charlotte e Fall Out Boy, outros nomes fortaleceram o emo como um representante fiel dos anos 2000. Simple Plan, The Used, The All-American Rejects, A Day to , Plain White T’s, All Time Low, Asking Alexandria e Mayday Parade, que encabeçam o line up da I Wanna Be Tour.
O poder de Pitty
Maior nome feminino do rock nacional dos anos 2000, e única mulher a encabeçar o line up do festival, Pitty mostrou em seu show a mesma energia e entrega de outros espetáculos, priorizando a turnê comemorativa de 20 anos do clássico “irável Chip Novo”.
Com isso, não faltaram clássicos como “Teto de Vidro”, “irável Chip Novo”, Máscara”, “Equalize” e “I Wanna Be”, além de sucessos de outros álbuns, como “Memórias”, “Na Sua Estante”, “Pulsos”, “Setevidas” e “Me Adora”.
Um show compacto, por se tratar de um festival, mas que elevou a energia do público ao máximo, com todo mundo pulando alucinadamente e com direito ao famoso “mosh” (ou roda punk).

The All-American Rejects
Pela primeira vez no Brasil, o The All-American Rejects mostrou porque a espera de mais de 20 anos valeu a pena. Com um show enérgico, o grupo tocou grandes hits, como “Swing, Swing”, “Dirty Little Secret” e “Move Along”, deixando o público imerso em sua performance.
Em entrevista para a Banda B, o vocalista Tyson Ritter falou sobre a importância do festival I Wanna Be Tour para a preservação da memória e a consolidação da influência do movimento emo.
Veja a entrevista completa:
Segundo Tyson, o mais importante não é colocar rótulos nas coisas, mas reforçar o aspecto emocional das memórias do público. Ele considera essencial para a proposta do festival e dos artistas escalados manter essa ligação com o ado dos fãs, no sentido de priorizar as lembranças e manter a sua importância intacta.
Quando questionados se possuíam algum conhecimento em música brasileira, os músicos aram a bola para o guitarrista Mike Kennerty, que respondeu sem pestanejar sobre o seu álbum favorito daqui: “o primeiro disco dos Ratos de Porão (Crucificados pelo Sistema). É incrível, eu realmente amo ele”.
Mais uma dose de NX Zero
Se em São Paulo o NX Zero já tinha sido eleito o melhor show do festival, a dose se repetiu em Curitiba. O grupo eletrizou o público presente, entregando um espetáculo que pode ser chamado de um “greatest hits” ao vivo. Motivos para isso não faltaram.
De “Cedo ou Tarde” a “Cartas pra Você”, ando por “Além de Mim”, “Pela Última Vez” e “Daqui pra Frente”, culminando na explosão de “Razões e Emoções”, o NX Zero mostrou o motivo de ser uma das grandes bandas das últimas duas décadas no país.
Sem sombra de dúvidas, um dos momentos mais nostálgicos da I Wanna Be Tour, e prova cabal de que o Brasil tem lugar cativo no imaginário da cultura emo, sem dever nada aos artistas de fora.

Encerramento em grande estilo
A Day to e Simple Plan, ambas aguardadíssimas, encerraram a edição da “I Wanna Be Tour” com todo o agito e energia, fechando a noite com chave de ouro.
Enquanto A Day to enlouqueceu mais da metade do público, que não sucumbiu ao cansaço, o Simple Plan terminou o espetáculo com o astral lá em cima, deixando um gostinho de “quero mais” nos espectadores, encadeando grandes hits, como “Shut Up!”, “Welcome to My Life” e “Addicted”.
Tanto que o baterista Chuck Comeau “trocou” de lugar com o vocalista Pierre Bouvier e se jogou nos braços do público ao final, coroando a energia ímpar que o festival proporcionou durante mais de 11 horas de show.