Se tem uma banda do rock brasileiro que sempre soube fazer música pop boa, e com toda a excelência, foi o Kid Abelha. Não à toa, a escolha de Paula Toller em seguir a carreira-solo fazendo shows referenciando sua história é algo que não surpreende.
A ex-vocalista do icônico grupo se apresentou na noite desta sexta (8), na Ópera de Arame, com o espetáculo Amorosa, que celebra 40 anos de carreira em uma verdadeira viagem num túnel do tempo, no qual a boa música estabelecia o seu espaço, em meio a um sem número de hits descartáveis. Veja fotos e vídeos abaixo.

Bastante solta e carismática no palco, como há muito tempo não se via, Paula entregou ao público a dose exata de leveza, alegria e nostalgia que os brasileiros andam buscando, sem nunca subestimar os espectadores.
Com direção musical e arranjos do mago e produtor Liminha (mente por trás de grandes álbuns da história da música brasileira) , Paula dividiu o espaço com Adal Fonseca (na bateria), Gê Fonseca (nos teclados e vocal), Gustavo Camardella (no violão e vocal) e Pedro Dias (no baixo e vocal), que conseguiram sintetizar completamente a energia do Kid Abelha no palco.
No setlist, não teve muito espaço para as músicas da carreira-solo de Paula. A prioridade foi a coleção de sucessos radiofônicos imortalizados pelo Kid nos seus quase 35 anos de carreira.
Com uma introdução em que entoava a letra de “I Gotta Feeling”, do Black Eyed Peas, Paula entrou no palco aplaudida pelo público, já puxando o coro para “Fixação”.
Logo em seguida, veio “Calmaí”, canção do último disco, Transbordada, lançado em 2014. Paula retomou os sucessos do Kid Abelha, com “Educação Sentimental II”.
Tudo é permitido
Com o público já ganho, Paula não poupou e mandou, em sequência, “A Fórmula do Amor”, “Lágrimas e Chuva”, “No Meio da Rua”, “No Seu Lugar” e “Nada por Mim”. Nesse bloco do show, os destaques ficaram por conta de “Não Vou Ficar” e “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda”.
A primeira, composição de Tim Maia, ganhou uma versão samba rock, agitando o público. A segunda, clássico de Hyldon e regravada com igual êxito pelo Kid Abelha, desta vez com arranjos que lembravam a versão original da canção, lançada pelo compositor em 1975.
Também, algumas homenagens de Paula, sendo a primeira para uma de suas musas inspiradoras, Rita Lee, com uma versão de “Agora Só Falta Você”.
Em outros momentos, Paula cantou “Céu Azul”, canção de Chorão (Charlie Brown Jr.), e “Palavras”, de autoria de Beni Borja (baterista da formação original do Kid Abelha), falecido em 2022. Estas duas músicas lançadas por Paula no formato de single.

Iê Iê Iê
A parte final do show foi embalada por algumas das canções mais importantes da trajetória do Kid, como “Alice (Não Escreva Aquela Carta de Amor)”, “Nada Sei”, “Eu Tive Um Sonho”, “Te Amo pra Sempre”, “Por Que Não Eu” e “Como Eu Quero”, com Paula enaltecendo a importância da canção para sua carreira, e para a história de todo o público.
Meio desligado
O bis relembrou as duas fases de maior sucesso do Kid Abelha, com os álbuns Meio Desligado e Acústico MTV, não por coincidência os dois trabalhos de maior vendagem do grupo. Pela primeira vez, Paula tocou violão, explicando ao público a falta de jeito com o instrumento, já que aprendeu a tocá-lo com 58 anos (ela completou 61 no ano ado).
Neste momento, foram resgatadas as músicas “Todo Meu Ouro”, “Grand’Hotel” e “Amanhã é 23”, esta em uma interpretação desplugada que honrou a belíssima versão apresentada no “Acústico”.
Finalizando, o carro-chefe da trajetória do Kid Abelha, encerrando o show na mais alta energia: “Pintura Íntima”. E a certeza de que, quando quer, uma artista consegue se renovar no palco, sem precisar apelar para novidades. Paula aprendeu a lição direitinho.
Veja alguns vídeos da estreia de Paula Toller em Curitiba: