Em mais de oito horas de julgamento, integrantes da dupla Atletiba receberam as penas pela confusão em que se envolveram na disputa do clássico na Arena da Baixada. Entre pouquíssimas advertências e absolvições, sobraram punições aos personagens principais daquelas cenas ridículas que mancharam um espetáculo que, na bola, foi o auge da qualidade técnica do futebol paranaense em 2023.
No “frigir dos ovos”, o Athletico foi o derrotado moral do julgamento. Seus atletas, em quantidade numérica superior, receberam penas mais pesadas que os do Coritiba. O lateral-esquerdo Pedrinho, titular na maior parte do tempo e que teve a decência de itir seu exagero na briga, recebeu seis jogos de punição. Thiago Heleno e Pedro Henrique, zagueiros titulares, receberam quatro jogos cada, mesma medida para o reserva Christian. Já David Terans, candidato a craque do campeonato, está suspenso por duas partidas.
Se a absolvição do presidente Petraglia e a multa barata pelo arremesso de objetos no gramado ficam de alento para o Athletico, para o Coritiba, o alívio fica por conta das liberações de Márcio Silva e Victor Luís, mas pela dor de perder Fabrício Daniel (por seis jogos) e o nome do time, Alef Manga, por cinco partidas. Ou seja: quantitativamente, o prejuízo do Verdão foi menor que o do Athletico. Mas perder Alef Manga por esse número de jogos… é um baita problema também!
Punições a dupla Atletiba foram justas?
Muito se debate se as punições foram justas ou leves perto de toda a insanidade e selvageria que vimos em campo. Particularmente, vejo que elas foram aplicadas dentro do esperado para o caso. Era praticamente impossível imaginar o TJD dando penas que variassem de doze a vinte e quatro jogos de suspensão. Porém, não é nenhum pouco inviável que os punidos neste julgamento histórico estejam em campo o mais breve possível. Seja por efeito suspensivo, abreviação das penas ou uma quase “anulação”, fico curioso para saber qual será o rigor final dos órgãos jurídicos quanto a manutenção das punições.
Porque, no Brasil, é assim: a justiça muitas vezes tarda e falha. No futebol, isso é quase lema. Há espécies de teatros, palavras duras, sentimentos de heroísmo em punir os infratores do jogo, declarações pomposas à imprensa e afins. Só que, bastam poucos dias para que tudo mude e se e um pano gigantesco para o problema. Faltam provas, pedidos improcedentes, efeitos suspensivos… tudo vale (infelizmente)! Isso apenas descredibiliza o trabalho dos próprios órgãos, que costumam ser duros nas penas, mas aceitam, quase que sem relutar, as solicitações para que tudo se anule.
As equipes, certamente, já trabalham para terem seus atletas punidos em campo logo. Porém, torço para que as penas aplicadas se mantenham e sejam cumpridas com rigor, servindo de exemplo aos brigões e a quem acha que o futebol se transformou, de vez, em terra de ninguém. O que acontece nos gramados é reflexo do que a sociedade brasileira está composta. Há casos (como esse), em que ar a mão na cabeça, cumprimentar os adversários com um clima amigável e fingir que nada aconteceu não irá resolver um problema de proporções gigantescas. Que os atletas cumpram, na totalidade, as punições. Se não… onde a pizza será servida?
