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Foto: Site Oficial Athletico Paranaense

Nos preparativos para a temporada de 2024, a do Centenário, o torcedor do Furacão imaginava o time como favorito nas cotações para a Sul-Americana e a Copa do Brasil. Porém, a realidade ao final do ano é marcada por odds alternantes na luta contra o temido rebaixamento para a Série B do Brasileirão.

Já na reta final do campeonato nacional, o CAP lançou o místico vídeo sobre o “pacto” para sair da zona da degola. E falando em misticismo, fica a pergunta: o ano ruim do Athletico é fruto da “Maldição do Centenário” ou de erros recentes do clube paranaense?

O que é a “Maldição do Centenário”?

A “Maldição do Centenário” é um dos termos do folclore brasileiro que surgiu em 1995. Naquele ano, o Flamengo montou um time estrelado para celebrar seu centenário, contando, inclusive, com Romário. Porém, nada deu certo, e o time teve uma temporada sem brilho.

A partir daí, criou-se a mística de que o ano do centenário não traria grandes conquistas para os clubes, mesmo com preparações especiais. Isso aconteceu com Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, Cruzeiro e Fluminense, equipes que enfrentaram temporadas muito fracas ao atingirem os três dígitos de idade.

O caso mais emblemático foi o do maior rival do Athletico. Em 2009, ano em que completou 100 anos, o Coritiba foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Até o final deste ano, tudo indica que essa será a principal luta do CAP: superar a mística da Maldição do Centenário.

Athletico Paranaense: o atual favorito, mas não para os torneios que se esperava

Quando o ano do centenário começou a se aproximar, a torcida do Athletico sonhava com grandes títulos, especialmente após a sequência vitoriosa do time há pouco tempo. A expectativa era continuar “contrariando” o futebol brasileiro e consolidando-se entre os favoritos do país.

E falando novamente sobre o “centenário”, as expectativas do mercado de apostas em relação à participação do clube no principal torneio do país mudaram significativamente à medida que o termo ganhou outras conotações.

No início do ano, a motivação de conquistar um título no ano do centenário colocou o CAP bem posicionado nos prognósticos de apostas para o Brasileirão 2024. Não estava entre os três favoritos, mas era visto como uma equipe com potencial para surpreender.

Porém, a troca da “motivação” pela “maldição” colocou o Furacão entre as primeiras posições de uma lista bem ingrata: a dos favoritos ao rebaixamento para a Série B de 2024. Desta vez, o time da capital paranaense pode surpreender, mas de forma negativa.

A briga contra o rebaixamento vai até a última rodada?

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Foto: Foto: José Tramontin/athletico.com.br

O CAP conseguiu emendar duas boas vitórias e se afastou da zona de rebaixamento, elevando as odds nas casas de apostas. Um site como a bet365, por exemplo, oferece odds de 13.00 para o rebaixamento do Furacão, bem diferente das odds de 1.20 para o Criciúma e 1.28 para o Bragantino, em situação mais delicada.

Fluminense e Juventude apresentam odds iguais ou menores que o CAP: 3.50 e 6.00, respectivamente, também na bet365. Assim, as vitórias recentes trouxeram confiança não apenas para os torcedores, mas também para o mercado de apostas.

Apesar de não ser mais um dos favoritos ao rebaixamento, o Athletico Paranaense ainda precisa se livrar de vez. Mesmo escapando, o ano ficou muito aquém das expectativas. Quais seriam os motivos para isso?

Quando o ano começou a desandar?

O Athletico começou a sentir as frustrações do Centenário ainda em 2023, quando o time não conseguiu se classificar para a Copa Libertadores da América, o título que falta para a galeria de taças do CAP. No entanto, o time qualificou-se para a Sul-Americana, outro torneio importante para os paranaenses.

Dentro de campo, o time começou a desandar com as intensas trocas de treinadores, que foram numerosas. O CAP iniciou o ano com Osório, demitido após 12 jogos. Em seguida, veio Cuca, que deixou o cargo após algumas derrotas, surpreendendo muita gente.

Após semanas sob comando interino, o clube anunciou o uruguaio Martín Varini, que também não permaneceu muito tempo no cargo. Para substituí-lo, o Athletico anunciou Lucho González, ex-jogador que iniciou a carreira como treinador recentemente, mas já havia chamado a atenção do clube.

O atual comandante deve permanecer até o final do ano, mas tudo indica que as constantes mudanças no estilo de jogo ao longo da temporada foram uma das principais causas dos problemas do Furacão.

Os problemas do Athletico fora do campo

Não foi apenas dentro de campo que o time realizou muitas mudanças, mas principalmente fora dele. Ao todo, foram mais de uma dezena de demissões em diferentes áreas do clube, como a coordenação da base, análise de mercado, gerência e até o treinador da equipe sub-20 do Paranaense.

Porém, o setor que mais ou por mudanças foi o comando do futebol. O time iniciou o planejamento da temporada com Alexandre Mattos, que acabou deixando o clube. Após algumas semanas com o cargo vago, anunciou André Mazzuco, que também foi demitido em seguida.

Uma das principais críticas à gestão de futebol foi em relação às contratações. Apesar de o time ter recebido um alto valor com as vendas de Vitor Roque e Bento, não conseguiu trazer jogadores que conquistassem a confiança da torcida.

O CEO do time, Alexandre Leitão, também deixou o clube de forma breve. Para falar sobre futebol, a equipe trouxe Paulo Autuori, que assumiu a vaga de diretor técnico, anteriormente ocupada por Felipão.

Todas essas mudanças levam a uma polêmica recorrente em qualquer discussão sobre o Athletico: a presidência de Mario Celso Petraglia. É difícil saber exatamente o que acontece dentro do clube, mas muitos especulam sobre o desgaste interno em torno da figura do presidente.

Ao todo, são mais de 20 anos como a principal liderança do Athletico Paranaense, um período que trouxe os títulos mais importantes da história da equipe, mas que também acumulou polêmicas. No fim de 2023, Petraglia começou o seu quinto mandato como presidente do Furacão, cargo que deve ocupar até 2027.

Longe da “Maldição” e perto da confusão

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Foto: Foto: José Tramontin/athletico.com.br

A análise do ano do Furacão indica que o desempenho ruim está longe da “Maldição” e próximo dos resultados de uma temporada bastante confusa. Apesar de contar com bons nomes no elenco, o time paranaense sofreu com um clima de desorganização dentro e fora de campo, envolvendo trocas de treinadores e mudanças em cargos importantes para o futebol.

Independentemente do resultado no Brasileirão – ao que tudo indica, o CAP continuará na Série A –, a temporada do Centenário pode representar um divisor de águas para o Athletico Paranaense. Os problemas do ano serão apenas mais um percalço dos mandatos de Petraglia ou marcarão uma mudança geral no clube?

Se houvesse apostas para o futuro do Athletico, as odds seriam baixas para mais uma transformação na instituição. Nos últimos tempos, o clube vem se organizando para a estruturação da SAF, e a venda, já no curto prazo, pode ser um dos caminhos para inaugurar uma nova era no clube paranaense. No entanto, nunca se sabe!