
O boxe brasileiro garantiu mias uma medalha em Tóquio. Na madrugada desta terça-feira (03), a atual campeã mundial dos pesos leves feminino (até 60 kg), Beatriz Ferreira, venceu a uzbeque Raykhona Kodirova, em decisão unânime dos jurados, e avançou para a semifinal, garantindo no mínimo o bronze (não há decisão de terceiro lugar na modalidade), onde vai encarar a finlandesa Mira Marjut Johanna Potkonen.
Beatriz teve domínio total da luta. Já no primeiro assalto não se intimidou com o fato de a adversária ser canhota. Abdicou do jab para usar o direto de direita e teve sempre sucesso. Kodirova usou os clinches para impedir a troca de golpes na curta distancia.
Bia voltou mais rápida para o segundo assalto e ou a atacar a linha de cintura. Cruzados de direita e esquerda também atingiram, além de um forte direto de direita. O terceiro round foi bastante disputado, mas a brasileira, mais uma vez levou vantagem, demonstrando ótimo preparo físico. Mais duas ‘bombas’ explodiram no rosto da usbeque.
“A luta aconteceu como eu esperava, então pude colocar todo o planejado em prática. Ela é uma adversária dura, que a os golpes e por isso eu tive de ser intensa o tempo todo”, disse a boxeadora nacional. Sobre a próxima rival, quando valerá uma vaga na final olímpica, Bia esbanjou confiança. “Que venha qualquer uma. Aqui é Brasil. Pode confiar!”
Bia começou no boxe aos quatro anos de idade na garagem de casa, onde seu pai, Raimundo, mais conhecido no boxe como Sergipe (tricampeão baiano, bicampeão brasileiro e sparring de Popó) dava aulas para crianças carentes da região.
Por falta de competições de boxe feminino, Bia precisou esperar até 2014 para iniciar a carreira. Venceu uma luta, mas acabou desclassificada pois já havia participado de uma competição de muay thai e recebeu uma punição de dois anos, pois a Aiba (Associação Internacional de Boxe) proibia que as atletas particiem de competições por outras modalidades .
Bia voltou em 2016 e ou também a ser sparring de Adriana Araújo, medalha de bronze na Olimpíada de Londres-2012. Talentosa, ficou com a vaga da amiga, que ou para o boxe profissional. Em 30 competições internacionais, só não subiu no pódio uma vez. Entre suas principais conquistas está o título mundial, em 2019, na Rússia.
Bia volta ao ringue para disputar a vaga na final na próxima quinta-feira (05). Quem também vai em busca de uma vaga na decisão é Hebert Conceição, que está na semifinal no peso médio masculino.
Abner Teixeira perde e fica com o bronze
Com a medalha, Abner Teixeira entrou no ringue para encarar o cubano Julio La Cruz na semifinal da categoria peso pesado (até 91 kg). O brasileiro começou bem a luta e até acertou forte direto na cabeça e no corpo do rival, mas, aos poucos, a experiência do cubano, ouro olímpico na Rio-2016, e quatro vezes campeão mundial nos meio-pesados, fez a diferença na disputa.
La Cruz soube encurtar a distância e foi mais preciso na troca de golpes. Abner teve problemas para acertar seus fortes cruzados, optou por ataques na cintura do rival, que não tiveram sucesso. O cubano baixou a guarda e ainda obteve vantagem importante no final dos três rounds disputados.
“Eu estou muito triste. Treino para não perder, mas infelizmente aconteceu. Ele veio para uma luta mais truncada, mas eu me senti bem no combate. Não tem desculpa. Ele foi melhor e mereceu vencer. Carreira vai em frente. Eu tenho Mundial Militar na Rússia e o Mundial de Boxe na Bulgária”, disse o boxeador para o SporTV, após a luta.
Wanderson de Oliveira perde para cubano no boxe e está fora dos Jogos de Tóquio
Na categoria dos pesos leves masculino (até 63 kg), o boxeador Wanderson de Oliveira encarou o cubano e favorito ao ouro, Andy Cruz, e foi derrotado por 4 a 1. Três jurados apontaram 30 a 27 e um 29 a 28 para Cruz, enquanto um viu o brasileiro como vencedor por 29 a 28.
Andy Cruz mostrou o motivo pelo qual é apontado pelos críticos como o grande favorito para conquistar o ouro. Com incrível esquiva, ótimo jogo de pernas e golpes precisos, o cubano teve o domínio da luta e soube contra-atacar sempre com eficiência, quando Wanderson tentou ser ofensivo.
Com preparo físico impecável, Cruz ainda foi para cima no terceiro assalto, evitando o ímpeto final do brasileiro, que acabou recebendo duros golpes.
Nascido no Complexo da Maré, comunidade no Rio de Janeiro, Wanderson jogava futebol até descobrir a ONG Luta pela Paz. Recebeu o apelido de Sugar, devido aos golpes de “manivela”, característicos do lendário boxeador norte-americano Sugar Ray Leonard.