Reconstrução do Paraná a por recuperação judicial, SAF e futsal, diz diretoria
Dirigentes do Paraná informaram o que está sendo feito no clube. Foto: Reprodução/TV PRC

O aguardado pronunciamento da diretoria do Paraná Clube foi divulgado no fim da noite desta quarta-feira (12). Conduzido pelo presidente do Tricolor, Rubens Ferreira e Silva, o Rubão, o momento de contato com o torcedor paranista, o primeiro desde a eliminação da Série D do Brasileirão, trouxe algumas novidades, justificativas e pedidos.

No que diz respeito ao presente do Paraná, todos os esforços do clube am pela aprovação do plano de recuperação judicial (PRJ), que tramita na Justiça e que, em breve, deverá ter marcada a sua Assembleia Geral de Credores, a fim de firmar um compromisso que permita equacionar as contas e débitos da equipe.

“O que há é a opção do Paraná de seguir o mesmo caminho que também foi trilhado por outras entidades esportivas aqui do Brasil, inclusive um dos nossos co-irmãos (Coritiba), de tentar através do PRJ equacionar as dívidas do clube e tornar minimamente exequível os pagamentos, com o projeto de reconstrução das entidades esportivas, de outras modalidades esportivas e outras soluções empresariais”, disse o presidente do Conselho Consultivo, Rodrigo Vissoto.

Na proposta ajuizada pelo Tricolor, são solicitados descontos de 90% a 92% no montante total das dívidas, de acordo com cada categoria de credores. O próprio judicial do processos paranista já declarou, em entrevista à Banda B, que será uma oferta que dificilmente irá prosperar, pelo menos nesses termos iniciais. Ainda assim, os cartolas dizem estar confiantes.

“Uma vez que ocorra a aprovação desse PRJ, aí sim a nova vida do clube será regida pelo cumprimento das metas estabelecidas, deixando esse fôlego e liberdade do clube para buscar novas iniciativas e parcerias (…). Contamos com a aprovação e com a compreensão dos credores, no sentido de reconhecer que é a única forma de manutenção do clube e retomar o seu crescimento”, acrescentou Vissoto.

SAF e polêmicas

Os dirigentes paranistas também abordaram a Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Paraná, que já foi constituída e que, em um futuro próximo, os cartolas esperam poder abrir para potenciais investidores. Vista como “salvação” em clubes com altas dívidas, como Cruzeiro, Botafogo e Vasco, ela deve ser vista de outra maneira na Vila Capanema, como explicou o presidente do Conselho Deliberativo, Renato Collere.

“É um instrumento fundamental para que o clube possa se reconstruir. Ela não é a solução, mas é um instrumento importante para que o clube possa retomar tudo aquilo que, infelizmente, deixamos para trás”, ponderou ele, evitando “apontar dedos” sobre eventuais “culpados” da derrotada do Tricolor nos últimos anos, no âmbito de gestão.

“É muito importante que os donos da SAF tenham liberdade para decidir, mas o nosso desejo é de que exista um foco no profissionalismo e governança, nas categorias de base e no futebol, sendo este tratado com a competência que desejamos (…) Uma vez aprovada, a SAF deve informar quais os os a serem perseguidos, até para torcida não ser iludida”, acrescentou ele.

Aproveitando a deixa acerca de “culpados”, Rubão tomou a palavra para refutar que tenha praticado supostos desvios de contas do Paraná, situação que lhe gerou uma multa de R$ 18,7 mil junto à Justiça do Trabalho. Incomodado com a publicidade que vem sendo dada ao tema, ele reconheceu que sabia do risco de receber uma punição, mas que foi preciso usar outra conta do clube para pagar salários.

“Resolvi usar outra conta do clube para que fossem pagos os salários dos meses de maio, junho e julho. Sem esses pagamentos, dificilmente teríamos chegado à fase de mata-mata (da Série D). Quero deixar bem claro, não houve nenhum desvio de nenhum centavo para contas que não fossem do clube, e os valores que seguem bloqueados são oriundos de doações ao Movimento Salve o Paraná”, comentou.

A juíza responsável multou Rubão e dissolveu o Ato Trabalhista por conta da medida adotada pela direção paranista. Pelos termos do acordo judicial, a manobra dos cartolas paranistas não poderia ter sido realizada, o que, nas palavras da magistrada, gerou o entendimento de haver “má-fé” da parte do clube e do seu judicial, no caso o presidente tricolor.

Futsal

Muitos torcedores aguardam com ansiedade um posicionamento do que ocorrerá dentro do campo, mas por enquanto a diretoria do Paraná só trouxe informações a respeito de uma retomada do futsal profissional. Segundo o mandatário, o clube tem tradição nas quadras, tendo revelado vários talentos por meio dos jogos no Ginásio da Avenida Kennedy, por isso essa frente terá um empenho para 2023.

“Quem frequenta a Vila Capanema sabe que disputas vem ocorrendo, agora a pela nossa gestão fazer efetivamente o futsal ser mais forte, como nos bons tempos em que o ginásio da Kennedy vivia lotado, tinha uma equipe forte. A intenção é voltar a disputar (o Campeonato Paranaense). O fato de Curitiba não ter nenhuma agremiação disputando o futsal, talvez permita que possamos pular uma etapa”, comentou Rubão.

Se o plano virar realidade, o Paraná teria de começar a sua caminhada estadual pela Série Bronze, a Terceira Divisão do Paranaense. De acordo com o presidente do Tricolor, há reuniões agendas com os secretários municipal e estadual de Esporte, além da busca por parcerias e do próprio uso da Lei de Incentivo ao Esporte, nas esferas nacional, estadual e federal.

“Estamos avançando nesse sentido. Acreditamos que o futsal, que sempre revelou atletas… hoje temos atletas do futsal que não querem ir para o futebol de campo. É uma possibilidade de reter talentos e aproveitar todo o potencial dentro do clube”, concluiu.