A Ponte de Guaratuba, uma das maiores e mais aguardadas obras do Litoral do Paraná, contempla um programa de monitoramento ambiental robusto, o qual já monitorou 18 mil animais. Os dados são contabilizados no relatório do Programa de Fauna do empreendimento e incluem aves, mamíferos, répteis, anfíbios, peixes, macrofauna bentônica (organismos que vivem no fundo de ambientes aquáticos) e crustáceos.

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Foto: Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba

O objetivo do programa é assegurar que o empreendimento seja executado de forma sustentável e que atenda todas as exigências ambientais legais. Nesse contexto, o trabalho garante o monitoramento contínuo da biodiversidade local, com atenção especial às espécies sensíveis e ameaçadas. Nesta semana, as obras da ponta chegaram a 60% de execução, de acordo com o relatório de obras do mês de maio. Uma das novidades é com o andamento das obras dos os.

De acordo com o coordenador ambiental do Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba, Robson Felipe do Valle, um dos resultados mais positivos do programa é a constatação de que há registros recorrentes de espécies sensíveis nas proximidades do empreendimento, o que sugere que os trabalhos ambientais são eficazes.

“A presença de espécies como o bugio-ruivo e a lontra em áreas próximas às obras, demonstra a resiliência da fauna local e a efetividade das medidas de gestão ambiental implementadas”, afirma.

“Para o meio ambiente, o maior benefício é a geração de dados atualizados e confiáveis sobre a fauna silvestre local, o que contribui para a conservação da biodiversidade da região. Para a comunidade, o programa fortalece a percepção da importância da proteção ambiental, para a valorização do patrimônio natural local e pode fomentar a educação ambiental e o turismo sustentável, especialmente em áreas de entorno como o Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange e a Baía de Guaratuba”

explica o coordenador ambiental.

Espécies raras e ameaçadas

O Programa de Fauna registrou até o momento, algumas espécies de animais considerados raros, como o sapinho-pulga (Brachycephalus sulfuratus), a falsa-coral (Siphlophis pulcher), gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus) e o papagaio-da-cara-roxa (Amazona brasiliensis).

Durante os monitoramentos, também foram registradas espécies ameaçadas, como a lontra (Lontra longicaudis), gato-maracajá (Leopardus wiedii), raia-viola (Pseudobatos percellens), cavalo-marinho (Hippocampus cf. erectus), tartaruga-verde (Chelonia mydas), maçarico-acanelado (Calidris subruficollis) e figuinha-do-mangue (Conirostrum bicolor).

A raia-viola (Pseudobatos percellens), espécie ameaçada, com formato diferente e que lembra uma viola, atua no revolvimento do sedimento e na circulação dos nutrientes, sendo fundamental para o equilíbrio dos ambientes marinhos e estuarinos.

O gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), uma imponente águia brasileira, sempre impressiona pela força e beleza. As abelhas-das-orquídeas, além de fascinantes, com suas cores metálicas, são polinizadoras essenciais para plantas nativas. A perereca-marsupial (Fritziana mitus), as fêmeas da espécie carregam os ovos em um tipo de bolsa nas costas, lembrando os marsupiais (gambás, cuícas). E os morcegos, únicos mamíferos que voam, usam a ecolocalização para se orientar e buscar alimento, e ainda são essenciais na polinização.

Legado ambiental

A bióloga do Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba, Aline Prado, acredita que a construção da Ponte de Guaratuba deixa um legado fundamental para o estudo e pesquisa ambiental no Litoral do Paraná.

“A Baía de Guaratuba é muito biodiversa e ainda se mantém conservada. A cada campanha que realizamos, novas espécies são registradas, algumas delas até então com pouco conhecimento científico sobre sua biologia, ecologia e estado de conservação. E esse monitoramento tem gerado informações valiosas sobre a ocorrência de algumas espécies. Além disso, com a construção da ponte, o o à região será facilitado, o que deve incentivar ainda mais pesquisas sobre a fauna local e a visita à região para avistamento de diversas espécies”

ressalta a bióloga.

“O principal legado da ponte é a implementação de um monitoramento de fauna comprometido com a conservação da biodiversidade local e alinhado às diretrizes do licenciamento ambiental. O monitoramento vem sendo conduzido em conformidade com o que foi estabelecido. Além disso, a atuação da fiscalização e supervisão ambiental tem sido fundamental para garantir que todas as atividades sejam executadas em consonância com as normas e com os objetivos de conservação e proteção da fauna”, enfatiza.

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Gato-maracajá (Leopardus wiedii). Foto: Consórcio Supervisor Ponte de Guaratuba