Pesquisadores do Viva Instituto Verde Azul, organização não governamental responsável por pesquisa e educação ambiental em Ilhabela no litoral norte paulista, filmou pela primeira vez a agem de uma baleia-azul. As imagens foram gravadas na terça-feira (27), no sul do arquipélago.

Maior animal do planeta, a baleia-azul avistada tem cerca de 20 metros de comprimento -ela pode chegar a 30 metros-, afirma a bióloga Maria Emilia Morete, a Mia, presidente do instituto, que desde 2019 faz esse trabalho de pesquisa em Ilhabela.
O registro ocorreu por volta das 8h, mas a confirmação de que se tratava de uma baleia-azul ocorreu apenas por volta das 23h30, após análise das imagens de sete pesquisadores, entre brasileiros e de outros países, especialistas no estudo desse animal.
“Quando vi o filme falei “meu Deus, não é possível. Por isso mandei as imagens para outros pesquisadores e apenas um ficou em dúvida”, diz a bióloga. Em vídeo publicado na conta do Viva no Instagram, a bióloga chegou a chamar o feito de “inacreditável”.
Segundo ela, foram analisados a forma de nadar, dorso, posição do orifício respiratório, nadadeira dorsal e o jeito de mexer o pedúnculo (que conecta a nadadeira caudal ao corpo).
A baleia-azul foi registrada em meio ao início da temporada de agem de baleias jubarte pelo litoral norte de São Paulo, na rota de migração para reprodução da Antártida até a costa sul da Bahia -as primeiras foram avistadas no início do mês.
Até então, 13 espécies de baleias e golfinhos haviam sido avistadas a partir do ponto fixo de observação do instituto, a 110 metros do nível do mar, em Borrifos, no sul da ilha -o local onde estava a baleia, que pouco emergiu, fica a menos de 3 metros da costa. Ali, a profundidade fica entre 25 e 30 metros.
“Em cinco anos que a gente está lá o dia inteiro observando, é a primeira baleia-azul, nessa região. Ninguém nunca tinha visto”, afirma Mia, citando que há registros do animal no litoral paulista, mas na parte oceânica, não na costa.
Ainda é cedo para saber o que atraiu o cetáceo à região de Ilhabela e nem se sabe se ela vai migrar para Abrolhos, na Bahia, destino das jubartes.
Por causa da caça, até a década de 1980, a baleia-azul ou a ser ameaçada de extinção. “Ela foi muito caçada no ado, chegando à beirinha da extinção. Aos poucos está se recuperando, mas continua uma espécie criticamente ameaçada”, diz.
A agem de uma baleia-azul, afirma, vai aumentar ainda mais a pressão por políticas públicas de conservação ambiental nesta região do litoral paulista.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, além de jubarte, tem crescido o avistamento de orcas e tubarões entre Ilhabela e São Sebastião, graças a fatura de alimentos por causa de equilíbrio ambiental.
Em nota, a secretária de Meio Ambiente de Ilhabela, Maria Inez Fazzini, comemorou o que chamou de evento raro e de extrema importância para a conservação marinha.
“O arquipélago de Ilhabela é privilegiado por sua biodiversidade e, por isso, temos a responsabilidade redobrada de proteger esse ecossistema tão rico, que abriga espécies ameaçadas de extinção em outras partes do planeta, mas que aqui ainda encontram abrigo”, diz.
Fazzini diz que em parceria com a Secretaria de Turismo, estão sendo reforçadas ações de manejo responsável no avistamento de cetáceos, com foco na segurança dos animais.
“Além disso, seguimos investindo na capacitação dos nossos técnicos para o monitoramento das embarcações de turismo, ampliando a conscientização e o cuidado com a vida marinha”, afirma.