O que era para ser uma despedida marcada pela dor e pelo respeito virou uma cena de indignação em Borrazópolis, no interior do Paraná. O velório de Luiz Carlos Izabel, trabalhador que morreu em um acidente de trabalho, foi interrompido por volta das 22h deste domingo (18) após a determinação de remoção do corpo para o Instituto Médico Legal (IML) de Ivaiporã.

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Foto: Reprodução

A interrupção aconteceu porque, apesar de a morte ter sido causada por acidente de trabalho – o que exige perícia antes da liberação -, o corpo foi inicialmente liberado de forma irregular. A Polícia Científica informou que só foi acionada por volta das 19h30, após a Polícia Civil comunicar o óbito.

De acordo com informações do portal TNOnline, parceiro da Banda B, o Hospital Municipal tentou acionar a Polícia Militar para atuar no trâmite antes da remoção para o IML. Segundo relatos, o 190 informou que não havia viatura disponível.

Em razão disso, a polícia não foi até a unidade de saúde e o corpo acabou sendo liberado e encaminhado para os procedimentos funerários.

Já à noite, após a comunicação, a Polícia Científica deslocou uma viatura até a cidade. O hospital foi avisado e, em seguida, a Funerária Nossa Senhora de Lourdes retirou o caixão da Capela Mortuária e o levou de volta ao hospital.

De lá, a viatura da Polícia Científica fez o translado ao IML de Ivaiporã para os exames obrigatórios.

O que diz a Polícia Militar

A reportagem da Banda B entrou em contato com a Polícia Militar para entender os procedimentos adotados. Em nota, a corporação esclareceu os fatos e afirmou que a equipe policial “não foi acionada pelo hospital municipal para a confecção do Boletim de Ocorrência Unificado (BOU), após a confirmação da morte do envolvido, procedimento padrão em casos dessa natureza.”

“Esclarece-se, ainda, que a remoção de corpos em situações de óbito em atendimento médico é de responsabilidade da Polícia Científica do Paraná (P), órgão que tomou as medidas cabíveis. Contudo, segundo informações, o hospital já teria liberado o corpo da vítima para a funerária, o que não é o procedimento adequado nesses casos”

relata a corporação.

Ainda, a Polícia Militar reforçou seu compromisso com a legalidade e a correta condução dos atendimentos, e “permanece à disposição para colaborar com os órgãos competentes no esclarecimento dos fatos.”

A Secretaria da Segurança Pública do Paraná (SESP) também enviou uma nota esclarecendo os fatos. Leia a nota na íntegra:

“Na ocasião, a Polícia Militar do Paraná (PMPR) foi acionada para atender a um acidente de trabalho. Durante o chamado não foi informado que se tratava de um óbito.

Após, a Polícia Civil do Paraná (PR) foi informada da ocorrência e acionou a Polícia Científica do Paraná (P), responsável pelo recolhimento do corpo e perícias. Ao chegar ao endereço informado, a equipe da P constatou que o corpo já havia sido removido do local, por terceiros, momento em que foram feitas tratativas com a funerária para o retorno do corpo ao hospital e a remoção adequada, conforme os protocolos legais e técnicos.

A SESP reforça que todas as medidas cabíveis foram adotadas pelas forças de segurança, com o objetivo de assegurar a correta condução da ocorrência e o respeito aos procedimentos legais.