Eu lembro bem que o Brasil foi às ruas pelo fim da corrupção. Vestimos verde e amarelo para dar um recado que estávamos fartos da roubalheira e do velho jeito de fazer política, o conhecido “toma lá, dá cá”.
Foi graças a esse movimento todo que o capitão Jair Bolsonaro ganhou a eleição contra o candidato do PT.
Ele ganhou a eleição porque a elite política brasileira não foi capaz de entender o que o povo queria, continuou agarrada ao seu projeto de poder, e não colocou nenhum candidato com capacidade de angariar novos eleitores. Era mais do mesmo e o resultado da eleição todos já conhecem.
Bolsonaro tomou posse dizendo que a velha política havia acabado. Mas depois de um ano e 4 meses de poder, de vários erros de gestão, e da crise do coronavírus, o capitão sucumbe aos “encantos” da velha política e dá uma facada nas costas dos eleitores que o colocaram no poder.
O presidente é refém dos seus próprios erros e devaneios. Como não tem capacidade de gestão, e com um comportamento egocêntrico e infantil, não consegue negociar com deputados e senadores. Perdeu várias votações no Congresso Nacional. Dos 533 votos na Câmara dos Deputados só conseguiu pouco mais de 70, numa clara demonstração de fraqueza e ineficiência. Agora, com mais de 30 pedidos de impeachment e com a possibilidade real de ser tirado do cargo, Bolsonaro resolveu “abrir as pernas”.
Está dando cargos no Governo em troca de votos no Congresso. O presidente resolveu chamar para o seu lado o que existe de pior na política brasileira. Os corruptos de antigamente, os condenados pela Operação Lava Jato, e os investigados da Polícia Federal voltam ao poder sem nenhum tipo de cerimônia.

Entram pela porta da frente do Palácio do Planalto, como se fossem estrelas de governabilidade. Não estão interessados em resolver o problema do povo brasileiro, mas sim de colocar seus apadrinhados em cargos poderosos da República, istrando bilhões de reais em dinheiro público.
Bolsonaro suja a sua pequena biografia com essa manobra para sobreviver à crise que ele próprio criou. Aliou-se a corruptos e ao que existe de pior na política brasileira para se agarrar na cadeira de presidente. Ele tem consciência que o seu futuro depende dessa gente que sabe como ninguém manipular, chantagear, e usar as mais baixas armas para se manter no poder.
Os milhões de brasileiros que foram às ruas pedindo o fim da velha política vão fazer o que agora? Sentar na sarjeta e chorar? Infelizmente essa crise está longe de terminar e o povo brasileiro continuará sofrendo por muito mais tempo.
Alexandre Teixeira

Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná e pós graduado em gestão pela Fundação Getúlio Vargas. Tem agens por diversos veículos de comunicação, como TV Bandeirantes, TV OM (hoje CNT) e Gazeta do Povo, onde permaneceu por 11 anos.