No Brasil tudo parece ser piada pronta. Aqui a gente não se cansa de rir da própria desgraça e fazer comentários sobre as nossas tragédias do cotidiano. A nova piada sem graça lançada no mercado foi a indicação, pelo presidente Lula, do advogado Cristiano Zanin para assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Zanin é o advogado pessoal do presidente Lula. Foi ele quem atuou nos processos da Operação Lava Jato, e também o articulador da “descondenação” de Lula depois da acusação de suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.

Em um país minimamente sério, uma indicação desta natureza nunca seria aceita nem pela sociedade, nem pelas autoridades do Supremo Tribunal, nem pelo Senado, e nem pela nossa gloriosa OAB, a Ordem dos Advogados do Brasil. Na verdade o nosso Supremo virou uma coisa de outro planeta. A insegurança jurídica que os ministros causam com a constante mudança de opinião em questões já julgadas, afastam investidores internacionais. A pergunta que se faz é: dá para confiar no Sistema Judiciário brasileiro? A resposta todo mundo sabe.
Lula indicou Zanin, mas não significa que ele vai assumir com facilidade. Ele precisa ar por uma sabatina no Senado e nas últimas semanas o que se assistiu no Congresso Nacional foi uma série de sucessivas derrotas do Governo. A oposição se uniu e colocou a turma governista para correr. Aliás os próprios deputados e senadores da base votaram contra o governo. Reclamaram que não estavam sendo atendidos nas suas reivindicações por cargos e liberação de verbas. No Congresso Nacional é assim: é dando que se recebe.
Lula bate cabeça nas suas articulação internas e externas. O seu ministro da Casa Civil trata de perseguir adversários e organizar liberação de verbas exclusivamente para os seus aliados na Bahia. No Senado o presidente fez a pior de todas as escolhas ao nomear Randolfe Rodrigues para ser o líder do Governo. Randolfe não tem jogo de cintura, é um grande senador quando está na oposição. Quando era contra Bolsonaro ele gritava aos quatro cantos e sempre na frente das câmaras de tv. Não sabe sentar para dialogar, é intransigente e chato, segundo alguns senadores. O reflexo desta falta de articulação está aí.
A sorte do presidente é que a economia está indo muito bem obrigado. Os índices são positivos. Desemprego caindo, inflação controlada. Mas Lula comete os seus erros ao jogar o tapete vermelho para o ditador da Venezuela, ficar ao lado da Rússia na guerra, tentar estatizar empresas que foram privatizadas e permanecer grudado no discurso do ódio. Ele prometeu depois de eleito que iria unir o Brasil, mas não é isso que ele está fazendo. Lula tem mais sorte do que juízo, mas todo mundo sabe que a sorte não é para sempre.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Banda B.