O brasileiro parece que gosta de ar vergonha, de ser motivo de piada e de deboche. Desde a época do descobrimento somos tratados de forma pejorativa pelos nossos vizinhos latino americanos e por outros países ao redor do mundo. Os portugueses, até hoje, acham que somos uma colônia, que eles são melhores do que nós, apesar da nossa economia ser centenas de vezes maior do que a deles.

O deboche e a piada pronta fazem parte do nosso dia-a-dia, como também faz parte aquele parente, tio, cunhado, primo ou prima que nas festas comemorativas sempre faz o papel de inconveniente, que deixa toda a família envergonhada e se perguntando quem é que convidou aquele estraga-festa para o evento. Esta semana tivemos dois exemplos de como o brasileiro pode envergonhar um país inteiro. O primeiro foi a participação da comitiva do presidente Jair Bolsonaro na Assembléia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, e o segundo, a pesquisa de opinião que avalia o Congresso Nacional.

Bolsonaro, como sempre, deu vexame. Comeu pizza na rua e churrasco num puxadinho na calçada porque disse não ter tomado a vacina contra a covid. Em Nova Iorque quem não tomou vacina não pode frequentar esse tipo de lugar. O ministro da Saúde foi provocado e mostrou o dedo do meio aos manifestantes, numa clara demonstração de despreparo para a função pública. E, para completar, o ministro testou positivo para a covid e agora vai fazer quarentena num hotel de luxo nos Estados Unidos. Que show de horrores que fomos obrigados a presenciar nesses dias, com mentiras sobre o nosso meio-ambiente e sobre o uso de medicamentos contra o covid. Fomos motivos de piada internacional. Uma vergonha.

Mas, vergonha maior os brasileiros sentem é do atual Congresso Nacional. Praticamente 84% da população desaprova o desempenho dos atuais deputados e senadores. 44% acham ruim ou péssimo e 40% apenas regular. Somente 13% acham que aqueles que estão lá são bons ou ótimos. Talvez o parlamentar que represente o que existe de pior no Congresso seja o veterano senador Renan Calheiros. Um coronel das Alagoas, que rastejou por todos os governos que aram desde a época do ex-presidente Collor de Melo. Talvez seja o parlamentar que responde ao maior número de processos e inquéritos por corrupção e desvio de dinheiro público. Renan deu um exemplo da sua “qualidade” como homem e político ao convocar o dono das lojas Havan, o empresário Luciano Hang, para explicar a morte da sua mãe. Expor uma senhora de mais de 80 anos, que morreu em decorrência de várias doenças pré-existentes agravadas pela covid, é uma demonstração de que para ele, Renan Calheiros, não existem limites éticos ou morais quando o assunto é política e poder. É por causa desse tipo de gente que o Brasil está assim.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Banda B.


Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná e pós graduado em gestão pela Fundação Getúlio Vargas. Tem agens por diversos veículos de comunicação, como TV Bandeirantes, TV OM (hoje CNT) e Gazeta do Povo, onde permaneceu por 11 anos.