A notícia da morte da jornalista Dayane Catherine Wozhiak de Lima, de 30 anos, nesta quinta-feira (5), deixou em silêncio quem a conhecia, inclusive as redações, os corredores da istração pública e os corações de quem conviveu com sua inteligência, sensibilidade e coragem.
Dayane sofreu um aneurisma cerebral severo e não resistiu. Partiu subitamente, como se tivesse apenas fechado os olhos por um instante, mas levou consigo uma história de luta, fé e amor pela comunicação.

Natural de Curitiba, Dayane era formada em Comunicação Social pela PUC-PR e pós-graduada em Ciência Política pela Unicesumar.
Dona de uma escrita afiada e de uma postura ética, construiu uma carreira irada por colegas, gestores e leitores, principalmente em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), onde atuou no jornal O Repórter.
Ela também foi assessora de comunicação nas prefeituras de Fazenda Rio Grande e Quitandinha. Autora do livro “Eles Não Podem Te Apagar”, Dayane mergulhou nas próprias dores para iluminar o caminho de outras mulheres.
Sua obra é um testemunho corajoso sobre os traumas de relacionamentos abusivos e a difícil jornada de reconstrução emocional. Era mais do que uma jornalista: era uma mulher com causa, com fé, com força. Uma voz que falava para além das manchetes — falava de dentro, com o coração.
A jornalista era casada desde 2022. Deixa o marido, familiares, colegas e leitores tocados não só por sua capacidade de informar, mas por sua humanidade.
- Jornalista morre aos 78 anos em asilo após vida marcada por embates, absolvição na Justiça e isolamento familiar
Nas redes sociais, as homenagens se multiplicam. Muitos destacam sua fé, sua entrega ao trabalho e sua capacidade rara de escutar, acolher e transformar a dor em palavra.
“Teu lugar agora é no céu minha amiga, Deus te quis do lado dele porque você era especial demais pra esse mundo aqui, nos encontramos na próxima vida”
disse uma amiga de Dayane.
“Partiu muito cedo. Agora só deixa saudades. Que Deus conforte o coração de todos os familiares e amigos! Quem pode te conhecer sabe da vontade de viver que você tinha”
comentou outra amiga de Dayane.

Despedida sem saber
Há quatro dias, Dayane fez uma publicação nas redes sociais. Um texto íntimo, lírico, quase premonitório. Falava de deslocamento, de pertencimento, de saudade e de não se encaixar.
Uma espécie de despedida não-intencional que agora ressoa como uma carta final de alguém que pressentia, ainda que inconscientemente, que o tempo era curto:
“Eu já não tenho as ambições que eu tinha como brasileira, mas meu sangue corre quente como a latina que sou desde o parto. Vai correr assim enquanto eu respirar. Mas minha pecinha de quebra-cabeça não tem mais encaixe nesse mapa. Sigo em busca de um que me complete”
disse Dayane em sua última publicação no Instagram.
Veja o post:
Essa busca terminou cedo demais. Dayane não teve tempo de se encaixar novamente no mapa — mas deixou um espaço que ninguém mais poderá ocupar. Em cada pauta que cobriu, em cada mulher que ajudou a se reerguer, em cada amigo que ouviu e abraçou, ficou um pedaço da sua alma.
E, como escreveu em sua última reflexão, talvez o bilhete da Ryanair não tenha chegado a tempo, mas o seu voo agora é outro. Vai alto, com o amor de quem a conheceu, e com a certeza de que sua palavra não foi em vão. Aos familiares, nossos sentimentos!
