O advogado de Ruan dos Santos Martins, suspeito de matar a adolescente Isabele Raiane Bonfim, de 17 anos, grávida de oito meses, em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, afirmou nesta terça-feira (11) que o cliente nega ter cometido o crime. Apesar disso, ele teria confessado outro episódio violento: uma chacina registrada em 2023, em Reserva, nos Campos Gerais do Paraná.

O advogado Rogério Nogueira disse à RICtv que tem mantido contato com o suspeito, mas que não sabe sua localização exata. Segundo ele, Ruan avalia se vai se apresentar à polícia, possivelmente por meio de videoconferência, e teme represálias pela repercussão do caso.

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A adolescente Isabele Raiane Bonfim, morta em Rio Branco do Sul, e o suspeito identificado como Ruan dos Santos Martins — Foto: Reprodução/RICtv

“A gente tá tentando intermediar a possível apresentação dele para ele explicar os fatos… O que e como aconteceu esse crime gravíssimo. Ele tem a preocupação com a integridade física dele, uma vez que pode sofrer algum tipo de represália. Por ser um crime chocante, a preocupação dele é essa”, afirmou Nogueira ao repórter Tiago Silva.

Segundo o advogado, Ruan negou ter atirado contra Isabele e apresentou uma nova versão sobre o caso. Ele contou que teria saído para fechar uma porteira nas proximidades da casa e, ao retornar, encontrou a companheira e a irmã dela, de 14 anos, cobertas de sangue. Ainda de acordo com o relato, a irmã da vítima teria dito que Isabele tirou a própria vida. A Polícia Civil, no entanto, trata o caso como feminicídio.

“Ele disse que não foi autor do homicídio e contou que saiu pra fechar uma porteira, que fica próximo à casa. Ele escutou o disparo e, quando retornou, viu a menor ensanguentada em cima da vítima… Ambas com sangue no rosto e no corpo. A versão dele é que ele questionou a menor, que tem 14 anos. Ela falou que a Isabele teria se matado”, acrescentou o advogado.

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Isabele Raiane Bonfim, de 17 anos, grávida de oito meses — Foto: Reprodução/Redes sociais

O suspeito também teria itido ser o dono da arma usada no episódio, que foi comprada há cerca de 30 dias. Ele afirma, diz o advogado, que deixou a arma e 50 munições no local, mas soube pela imprensa que ela não foi localizada pela polícia.

Ruan teria confirmado à defesa que cometeu a chacina em Reserva, na qual matou a sogra, o cunhado e um sobrinho após uma discussão em um bar. Ele vivia foragido desde então e usava um nome falso — “Gabriel” — para não ser descoberto, como mostrou a Banda B.

“A gente tem que convencer ele a responder pelos fatos que cometeu em Reserva. Ele itiu que cometeu e contou cada detalhe de como aconteceu. Aqui, diferentemente de lá, ele está apresentando uma versão diferente”, afirmou o advogado.

Em entrevista à Banda B, o secretário da Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, disse que as forças estão empenhadas em localizado Ruan. “Em relação a esse caso específico, nós estamos empenhados com o intuito de localizar o mais rápido possível e fazer prisão desse marginal que está em fuga na região”, afirmou.

O suspeito ainda não havia se apresentado à polícia até a publicação desta reportagem.

A chacina em Reserva

Ruan dos Santos Martins é considerado foragido da Justiça sob a suspeita de ter assassinado a sogra, um cunhado e um sobrinho, em maio de 2023, em Reserva, nos Campos Gerais do Paraná. À época, a delegada responsável pelas investigações revelou à Banda B que o suspeito matou o sobrinho com um tiro na cabeça enquanto ele dormia.

Dorli Oliveira, Wagner Santos e Valdenilson Pontes – Foto: Reprodução/Redes Sociais

Veja quem são as vítimas:

  • Dorli da Aparecida de Oliveira, de 51 anos (sogra);
  • Valdenilson Sebastião de Pontes, 35 anos (sobrinho);
  • Wagner de Oliveira dos Santos, 29 anos (cunhado).

Segundo a investigação da Polícia Civil, o motivo do triplo homicídio foi ciúmes, após uma discussão em um bar da família, onde a então esposa de Ruan o teria flagrado “mexendo” com outra mulher.

“A princípio, ocorreu uma briga no bar da Dorli, uma das vítimas. Houve uma discussão entre o Ruan, o Wagner e Valdenilson. A esposa do Ruan viu ele mexendo com uma menina, foi até eles e desferiu um tapa em cada um”, narrou a delegada.

Após o tapa, uma briga generalizada teria começado. O primo e sobrinho da esposa de Ruan teriam tentado defendê-la e lutaram com o suspeito. Minutos depois, após a esposa afirmar que não dormiria em casa e iria embora com a mãe (Dorli), o suspeito teria ido para o imóvel e buscado uma arma de fogo.

“Ele foi sozinho para casa, e a esposa foi para a casa da mãe junto com ela e o Wagner. Cerca de uma hora depois, Ruan apareceu nesta casa completamente alterado e armado. Ele entrou e atirou contra a Dorli e o Wagner”, acrescentou a delegada.

Em seguida, Ruan esteve na casa de Valdenilson. Ele invadiu o imóvel, foi até o quarto em que a vítima estava dormindo e atirou contra a cabeça dela.

Havia a suspeita é de que o homem tivesse fugido para Curitiba. A Polícia Civil concluiu o inquérito e pediu a expedição de um mandado de prisão preventiva contra ele, o qual foi atendido.