“Eu posso até me matar, mas que eu te mato, eu te mato”. Esse é um dos trechos dos áudios gravados pela esposa que era mantida em cárcere pelo marido em Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Jean Machado Ribas ainda é procurado pela Polícia Civil, após ter a prisão decretada.
O crime foi descoberto depois que a mulher, que já tinha escrito um bilhete e pedido socorro num posto de combustíveis, conseguiu mandar um e-mail para a Casa da Mulher Brasileira, que acionou a PM.
Segundo a vítima, isso acontecia há pelo menos cinco anos. O contato com outras pessoas era apenas na presença do marido.
A Banda B teve o aos áudios gravados pela mulher. Em mais de 7 horas de arquivos, foi possível perceber o nível de toxicidade a que a vítima era submetida. Em todos os áudios, Jean ameaçava matá-la.
“Se eu souber alguma coisa de você, eu te mato na mesma hora. Pode ser hoje, amanhã, um ano, não interessa”
diz Jean em um dos arquivos.
“Se eu morrer e você ver que não fiz nada? Você falou ‘aquele dia quase te matei’, e eu nem fiz nada pra você”
comenta a mulher.
“A hora que eu te matar, é quase certeza que eu me mato também”, alerta Jean. “E o filho?”, pergunta a mulher. “O filho fica com a mãe”, responde o homem.
Ouça o áudio:
Agressão
Em outro arquivo, a mulher fala sobre um caso de agressão que sofreu por Jean e que pensou que iria morrer. Ele não nega que isso tenha acontecido.
“Se você não fez, você não morre. Se eu nunca descobrir nada, você não morre”
diz Jean.
“Aquele dia eu não fiz nada pra você e você quase me matou […]. Toda vez você me bate, se eu tivesse escondendo as coisas eu tinha falado porque eu sei que eu tenho medo”
desabafa a mulher.
“É que eu nunca peguei pra te matar de verdade, né”, diz ele. “Matar de verdade? Se aquele dia eu pensei que eu ia morrer?”, devolve ela.
Ouça o áudio:
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Vítimas eram monitoradas por câmeras de segurança e foram mantidas em cárcere durante cinco anos – Foto: Reprodução/Polícia Civil -
Vítimas eram monitoradas por câmeras de segurança e foram mantidas em cárcere durante cinco anos – Foto: Reprodução/Polícia Civil -
Vítimas eram monitoradas por câmeras de segurança e foram mantidas em cárcere durante cinco anos – Foto: Reprodução/Polícia Civil
Monitorada por câmera
Segundo a polícia, Jean monitorava a esposa com uma câmera de segurança. A mulher e o filho só podiam manter contato com familiares de Jean, e quando saiam de casa tinham que estar acompanhados dele.
As câmeras usadas por Jean enviavam notificação toda vez que a esposa ou alguém aparecia no vídeo. Assim, ele mantinha total controle da mulher.
Em outro áudio, o homem diz que não quer matar ninguém, mas que se tiver que matar a esposa, ele não iria pensar duas vezes.
“Eu não quero matar ninguém, não quero ser nenhum matador, não quero matar nada de ser humano. Não é minha vontade matar. Eu sei que eu não quero. Só que alguma coisa tua se eu descobrir, não penso nem meia vez e já te mato”
ameaça Jean.
Ouça o áudio:
Procurado pela Justiça
Jean Machado Ribas chegou a ser preso no momento em que a polícia chegou até a mulher. Apesar disso, foi solto após audiência de custódia, para responder ao processo em liberdade, com medidas cautelares, como a proibição de se aproximar da mulher e do filho, de quatro anos.
Um dia depois, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) voltou atrás e pediu a prisão do homem. Com isso, a Polícia Civil divulgou a foto dele, que ou a ser considerado foragido pelos crimes de sequestro e cárcere privado.
