Marcelo Alves dos Santos, que confessou à polícia o assassinato de Raissa Suellen Ferreira da Silva, de 23 anos, afirmou em depoimento que era apaixonado pela jovem. Raíssa estava desaparecida desde o dia 2 de junho, quando informou à família que viajaria de Curitiba a Sorocaba (SP), onde iniciaria um novo emprego. No entanto, a história contada por Marcelo revela outra versão: ele teria atraído a jovem para sua casa com a promessa de ajudá-la com uma vaga de trabalho.
Natural de Paulo Afonso, na Bahia, Raíssa vivia na capital paranaense há cerca de três anos. Ela era miss Serra Branca Teen da Bahia. Segundo a delegada Aline Manzatto, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Marcelo conhecia a jovem desde a infância.
“Eles tinham já um relacionamento desde a infância. Ele treinou a Raíssa em Kung Fu, num projeto social que ele tinha na Bahia, então ele conhecia tanto a Raíssa desde pequena, quanto toda a família da Raíssa”
disse a delegada Aline Manzatto.
No dia do crime, Marcelo atraiu a jovem até ele com uma mentira. Segundo a polícia, ele disse que teria essa oportunidade de emprego para fazer com que Raíssa aceitasse encontrá-lo.
“Ele levou a Raíssa até a residência dele, pegou ela no bairro Portão, ele teria contado uma história para conseguir que ela fosse com ele até a casa dele, que aí ele iria arrumar um emprego em São Paulo para ela. Atraiu a Raíssa até ele, levou ela para almoçar primeiro, dali levou para casa dele, onde ele, na verdade, tinha intenção de se declarar, né? Declarar o amor dele por ela, a intenção de estabelecer uma relação afetiva com ela”
contou a delegada.
Ainda conforme o relato, Marcelo vinha ajudando financeiramente a jovem, acreditando que o gesto seria correspondido com sentimentos amorosos.
“Dava dinheiro para ela, às vezes, no intuito de ajudar até com a parte de comida ou quando ela queria alguma coisa assim como shows, a parte de entretenimento. E aí ele achou que ela também tinha um sentimento por ele”
afirmou Aline Manzatto.
No entanto, a reação de Raíssa à declaração de Marcelo teria desencadeado o crime.
“Quando ele se declara para ela, ela se mostra explosiva e aí a a xingá-lo, falar que ele é nojento, que ele é mentiroso, que ele é feio, e aí isso daí desperta uma ira nele. Na hora, ele falou que ficou com ódio e descontrolado, e aí pegou esse enforca gato ali e estrangulou a vítima, deixando ela num cômodo da casa e indo para outro. Dez minutos após, ele retorna e aí a Raíssa já está em óbito”.
detalhou a delegada.
Humorista não foi preso
Para ocultar o corpo de Raíssa, Marcelo disse que contou com ajuda do filho. O autor do crime, que se apresentou espontaneamente à delegacia nesta segunda-feira (9), acompanhado de um advogado, ainda não foi preso. Segundo a delegada, ele demonstrou arrependimento.
“Ele está arrependido, ele quis pelo menos que a família tivesse uma situação de, entre aspas, tranquilidade, de pelo menos aparecer o corpo, de ter um enterro. Então, a gente tende a crer que essa atitude dele é no sentido de pagar pelo que ele fez. Isso é importante, isso tem que ser verificado, tem que ser pesado”
Apesar disso, a investigação avança para confirmar inclusive o que foi dito por Marcelo no depoimento, conforme explicou a delegada.
“A gente vai ter que analisar agora o corpo para ver se tudo que ele falou é verdade ou não, então vai ter que verificar se houve ou não algum tipo de violência sexual, se ela tem outro tipo de ferimento sem ser esse que ele narra. As versões por ele aqui apresentadas têm que ser comprovadas para verificar que isso tudo que ele disse realmente é verdade”.
explicou Aline Manzatto.
Buscas pelo corpo
As diligências seguem para confirmar a localização do corpo, que Marcelo afirma ter deixado em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A polícia também deve investigar a possibilidade de outros crimes envolvidos, como violência sexual, e esclarecer o papel do filho de Marcelo, que teria ajudado na ocultação do cadáver.
“A polícia vai procurar fazer tudo de forma imparcial para não prejudicá-lo nem beneficiá-lo. O que a gente quer é a verdade dos fatos”
finalizou a delegada.
