O recente caso do caminhoneiro Edson Crippa, 45 anos, autor do ataque a tiros que deixou três mortos e nove feridos em Novo Hamburgo (RS), reacendeu debates referentes aos critérios de concessão de armas no país. O atirador sofria de esquizofrenia e tinha registro como CAC (colecionador, atirador desportivo ou caçador) e foi morto pela polícia em confronto. O presidente da Associação CAC’s Paraná, Cristiano Castelli, concedeu uma entrevista à Banda B esclarecendo o trabalho responsável e organizado dos CAC’s no Brasil.

De acordo com Castelli, a população não deve generalizar por completo a categoria de atiradores esportivos, atualmente composta por milhares de atletas filiados que fazem um trabalho responsável e consciente em relação ao esporte.
“Com relação ao caso ocorrido em Novo Hamburgo, um absurdo como aquele, nós aqui da associação, como atletas e esportistas, repudiamos totalmente esse fato. Com relação a averiguação da esquizofrenia, isso realmente deveria ser um trabalho mais elaborado por parte do governo, para que situações como essas não venham a ocorrer, seja com CAC, policiais militares ou qualquer outra classe”
pontuou Castelli.
O presidente ainda esclarece a existências de duas categorias: arma para praticar tiro esportivo e arma para autoproteção.
“É importante deixar claro que são duas categorias bem distintas, uma que a Polícia Federal trata que é a defesa pessoal, então é uma arma para a defesa pessoal, e nós representantes dos atiradores esportivos utilizamos nossas armas a fim de praticar o esporte do tiro, devidamente regulamentado”
explicou.
Para ser um CAC é necessário a Concessão do Certificado de Registro (CR), documento que habilita e autoriza a pessoa física ao exercício de atividades com Produtos Controlados pelo Exército (PCE).
Segundo Castelli, a categoria possui mais de 1,2 milhões de certificados de registros emitidos no Brasil, a maioria praticando o esporte com consciência e responsabilidade. Um número pequeno representa as pessoas que não praticam de forma correta.
“O que tem incomodado é que CAC’s envolvidos em situações de crime representa um número quase que irrisório de 0,0038%. Nós temos no Brasil mais de 1,2 milhão de CAC’s, de certificados de registros emitidos pelo Exército. Então é importante ressaltar que esta minoria quase que irrisória não representa esses milhões de atiradores esportivos”
ressaltou o presidente.
Falha no sistema
Castelli alega que o processo é burocrático e restritivo por parte do Exército, responsável por esse controle. Além disso, todos os psicólogos são credenciados junto à Polícia Federal.
Porém, ele opina sobre a falha existente no sistema atual, feito pelo Estado, principalmente no caso de Novo Hamburgo.
“Ciente do fato do homem já ter sido internado três, quatro vezes, com esse caso da esquizofrenia, seria interessante que o Estado, como um regulamentador dessa categoria com relação a arma de fogo, reavaliar o quadro e cancelar o registro, porque atualmente não é feito esse controle”
ressaltou.
Segundo o presidente, em casos de sanidade mental, seria interessante fazer um trabalho parecido ou igual com relação à idoneidade.
“Quando você tem uma perda de idoneidade, para você tirar o documento, você tem que ser idôneo. Durante o processo, se eu hoje comento qualquer crime, o Exército é informado e eu tenho o cancelamento do meu certificado de registro e a solicitação da devolução das minhas armas”
explicou.
Ele ressalta ainda que o melhoramento no processo de psicólogos poderia trazer um resultado cada vez melhor, para evitar situações parecidas e incentivar o tiro esportivo no Brasil.