Em 15 anos, como sua vida mudou? O quanto o ado te fez ser quem você é e onde você está hoje? Talvez muitos de nós tenhamos essas respostas facilmente, mas não as mães de Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida. Na noite de 7 de maio de 2009, os dois tiveram a vida tirada em um acidente de trânsito. Acidente este que completa, nesta terça-feira (7), 15 anos.

Em 15 anos, o julgamento do motorista que provocou o acidente e, consequentemente, as duas mortes, já ocorreu. Mesmo após as 33 tentativas de recursos, o ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi condenado por homicídio com dolo eventual, quando assume intenção de matar.
No dia do acidente, Carli Filho dirigia o at Variant a 173 km/h antes de bater contra o Honda Fit dirigido por Rafael Yard. Os dois rapazes, de 26 e 20 anos, não tiveram sequer chance de reagir e tentar escapar da morte.
Luto e esperança
15 anos depois da partida do filho, Christiane Yared fez uma publicação com um forte desabafo. Segundo ela, o tempo é implacável, leva embora o cheiro, a alegria, os momentos de comunhão, as reações maravilhosas de surpresa, o espaço que era dele, mas não o amor.
“Transforma a dor da revolta em aceitação e saudade. Não há o que fazer! E o tempo que me faz entender que não há volta, também me dá esperança de te reencontrar”
escreveu Christiane Yared, mãe de Rafael.
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Christiane, que encabeçou uma luta por Justiça pelo filho e virou símbolo da cobrança por mais rigor nas mortes no trânsito, hoje é deputada federal. A vida mudou um pouco, mas não o suficiente para não sentir vontade de desistir.
“Muitas vezes a vontade de parar e desistir me fazem repensar tudo. Falar ajuda, às vezes não! Chorar ajuda, mas às vezes não”
contou a mãe de Rafael.

Segundo a mãe de Rafael Yared, nestes anos todos, a única saída que encontrou foi a oração.
“Ela me conecta com Deus e o socorro vem. Tenho ensinado às mães que vivem esta dor, que a presença do Espírito Santo nos dá paz e certeza do reencontro. Sempre será um dia após o outro, um ano após o outro, mas está ando”
comentou Christiane Yared.
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Em 15 anos, Christiane considerou que “a vida está ando”, e nisso ela vai vivendo. Mas com a certeza e a esperança de um reencontro.
“Te vejo logo filho! Continuo te amando. Isto o tempo não apaga”
concluiu Christiane.

Carli Filho
O julgamento de Carli Filho ocorreu em fevereiro de 2018, após nove anos, uma vez que a defesa do ex-deputado chegou a apresentar 33 recursos, o último deles ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, na tentativa de tirar o júri de Curitiba.
Inicialmente, o ex-deputado foi condenado a 9 anos e 4 meses em regime fechado por homicídio com dolo eventual, quando assume intenção de matar, como pedia a acusação.
Em dezembro do mesmo ano, a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) reduziu a pena para 7 anos, 4 meses e 20 dias, pelas duas mortes. Com isso, Carli Filho não ou nem um dia sequer na prisão.